
Os bastidores de EU DISSE QUE NÃO
Desafiámos os leitores a entrevistarem a jornalista e autora do livro Eu Disse que Não. Conheça os bastidores deste romance de estreia, já nas livrarias, focado nos temas do abuso, consentimento e amor-próprio.
Como surgiu a paixão pela escrita? Martim Carvalho
Não sei bem como, sinceramente. Desde muito cedo que fui incentivada a ler e acho que as duas coisas estão ligadas entre si para muitos escritores.
Qual é a sensação de escrever um livro? E ainda por cima sobre um tema tão importante… Marta Matos
Escrever um livro sempre foi o meu sonho, desde pequenina. Já tinha tentado previamente, mas não cheguei a passar dos primeiros capítulos. Por isso, quando escrevi um livro inteiro senti-me muito orgulhosa de mim, pois o primeiro passo estava dado. Depois disso foi tentar que alguém acreditasse tanto nesta história ─ e em mim ─ para a publicar e, felizmente, a Alma dos Livros acreditou e viu a importância deste tema. É um tema sensível para muitas pessoas, mas enquanto existirem vítimas destes atos vão continuar a existir histórias por contar.
O que a inspirou a escrever sobre este tema e quais os principais desafios? Sabrina Oliveira
Fui inspirada pelas histórias de mulheres à minha volta que passaram por situações semelhantes, mas também por histórias fictícias que li ou vi (muitas vezes também inspiradas em factos reais). Os principais desafios foram: primeiro, conseguir que as reações da Laura fossem o mais reais possíveis, pois como nunca passei pela situação, nem sempre era fácil pensar como seria; segundo, escrever a história do vilão, pois sabia como queria que a personalidade fosse, mas não sabia como chegar lá (afinal, ninguém nasce mau).
A profissão de jornalista ajuda a de escritora? Martim Carvalho
Diria que sim, pois permite-me escrever todos os dias. Ainda que o estilo de escrita seja diferente, acabo por desenvolver as minhas capacidades nesse sentido. Por outro lado, também pode «desajudar», pois, enquanto jornalista, é essencial saber resumir e focar no principal que queremos passar ao público, e na ficção é preciso mais tempo para o leitor conseguir ligar-se às personagens, entender o porquê de serem como são, de viajar para o local, e acho que essa é a minha principal dificuldade.
A sua família apoia-a neste desafio? Marta Matos
Sim, sem dúvida. Desde o início que têm estado muito presentes, logo desde a leitura do primeiro rascunho. Nunca duvidaram de mim e estão tão ou mais entusiasmados que eu com este lançamento.
Como é conciliar a vida de jornalista com a de escritora? Martim Carvalho
Não é fácil, mas acho que não seria com qualquer trabalho em full-time. Tal como noutros trabalhos, chego ao final do dia cansada o que não me dá muita motivação para escrever ─ especialmente quando já passei o dia todo a fazê-lo, ainda que sejam temas completamente diferentes.
Tem algum capítulo ou momento do livro que a prenda mais? Marta Matos
Capítulo concreto não, mas penso que a segunda metade do livro vai prender os leitores tanto como me prendeu a mim. Não conseguia parar de escrever porque eu mesma queria ver onde é que a história ia chegar.
As músicas de Taylor Swift aparecem muito ao longo do livro. Qual a sua música preferida da cantora? Matilde Lomba
Varia um pouco com o estado de espírito, mas You're On Your Own, Kid está sempre no meu top.
Já viveu algo semelhante à experiência da Laura? Carmo Sarsfield
Felizmente, nunca passei por algo tão grave.
Se fosse a Laura, como lidaria com tudo o que ela viveu? Matilde Lomba
Gostava de poder dizer com toda a certeza que eu não deixaria uma relação chegar ao ponto que chegou, que contaria a alguém e, eventualmente, iria mesmo às autoridades. Mas estaria a falar por falar, pois só passando por isso é que saberia o que faria.
Está a pensar dar continuidade à história deste livro? Teresinha Alves
Não estou a pensar nisso, de momento. Acho que a história tem um final sólido, sem necessidade de continuação. Porém, «nunca digas nunca», não é verdade?
O que gostaria que os leitores sentissem depois de lerem o livro? Que mensagem gostaria de passar? Marta Rocha
Sempre disse, para mim e a quem me rodeia, que se o meu livro conseguir tirar uma pessoa que seja de uma relação tóxica então tudo valerá a pena. Quero que as pessoas se sintam capazes de definir as suas «linhas vermelhas», que sejam capazes de ter a sua voz e que saibam que o amor próprio traz mais força do que imaginam.
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