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Leia o PRÓLOGO do thriller A Professora - Alma dos Livros

Leia o PRÓLOGO do thriller A Professora

Já está em pré-venda e chega dia 22 às livrarias e hipermercados de todo o país o novo thriller da autora do bestseller mundial A Criada. O novo livro da escritora top de vendas em Portugal é A Professora.

Seguindo o registo a que já habituou os seus leitores, A Professora apresenta capítulos curtos, muitas reviravoltas e escrita fluida e viciante. Centrado num casal de professores e numa aluna problemática, o enredo gira em torno de uma história envolta em mentiras, escândalos e vinganças.

Não perca tempo e leia já o Prólogo.

Cavar uma sepultura dá uma trabalheira.
Dói-me o corpo todo. Músculos que nem sabia que tinha gritam de dor. De cada vez que ergo a pá e tiro mais um pouco de terra, é como se tivesse uma faca a cravar-se num músculo atrás da minha omoplata. Pensava que era só osso, mas é óbvio que estava enganada. Estou plenamente ciente de cada fibra muscular em todo o meu corpo, e dói-me cada uma delas. Tanto.
Paro por um momento, largando a pá, para dar um pouco de alívio às bolhas que brotam nas minhas palmas. Limpo o suor da testa com as costas do antebraço. Agora que o sol se pôs, a temperatura desceu para valores negativos, a julgar pelo gelo no chão. Deixei de sentir frio ao fim da primeira meia hora. Há quase uma hora que tirei o casaco.
Quanto mais fundo vou, mais fácil se torna cavar. A primeira camada de terra foi quase impossível de penetrar, mas, por outro lado, nessa altura, tinha outra pessoa a ajudar-me. Agora, sou só eu.
Bem, eu e o cadáver. Mas não me parece que esse me vá ajudar.
Semicerro os olhos ao negrume do buraco. Parece um abismo, mas não deve ter mais de sessenta centímetros, na verdade. Será que tenho de escavar muito mais? Sempre ouvi falar em sete palmos de terra, mas presumo que isso seja para sepulturas oficiais ─ não para as não identificadas no meio dos bosques. Mas se não quero que ninguém descubra o que está aqui enterrado, talvez seja melhor ir mais fundo.
Pergunto-me a que profundidade teria de enterrar o corpo para que os animais não o consigam cheirar.
Estremeço quando uma rajada de vento me arrefece a camada de suor na pele. A cada minuto que passa, a temperatura desce mais. Tenho de voltar ao trabalho. Vou cavar um pouco mais, para jogar pelo seguro.
Ao pegar novamente na pá, todos os pontos doridos no meu corpo lutam para ser o centro das atenções. Neste momento, as minhas mãos são as vencedoras óbvias ─ doem mais do que tudo. O que não daria por um par de luvas de cabedal... Mas só tenho um par de luvas grandes e acolchoadas, e não consigo agarrar na pá normalmente. Portanto, terei de me desenrascar com as minhas mãos, sem luvas e com bolhas.
Quando o buraco ainda estava pouco profundo, conseguia escavar sem ter de ir lá para dentro, mas agora a única forma de poder continuar é entrar nele. Parece-me que estar dentro de uma sepultura é chamar o azar. Acabamos todos num destes buracos, mais cedo ou mais tarde, mas também não é preciso tentar o destino. Infelizmente, neste momento, é inevitável.
Quando vou a cravar a pá na terra seca e dura novamente, os meus ouvidos arrebitam. Está um silêncio profundo aqui nos bosques, com exceção do vento, mas tenho a certeza de que ouvi
qualquer coisa.
Crás!
Lá está ele outra vez… parece quase um ramo a partir-se ao meio, ainda que não consiga perceber se foi atrás de mim ou à minha frente. Endireito-me e semicerro os olhos à escuridão.
Estará aqui alguém?
Se estiver, estou em grandes apuros.
– Olá? – chamo. A minha voz é um sussurro rouco.
Ninguém me responde.
Aperto a pá na mão direita, ouvindo o mais atentamente possível. Sustenho a respiração, silenciando o som do ar a entrar e a sair dos meus pulmões.
Crás!
É outro ramo a partir-se ao meio. Dessa vez, tenho a certeza. Além disso, o som está mais perto do que da última vez.
E agora oiço folhas a farfalhar.
Sinto um aperto no estômago. Nem pensar que consigo arranjar uma desculpa para me safar disto. Nem pensar que consigo fingir que é tudo um grande mal-entendido. Se alguém me vir, acabou-se. Estou feita, com algemas nos pulsos, um carro da polícia com as sirenes no máximo, prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional ─ tudo isso.
Mas então, ao luar, capto o vislumbre de um esquilo a correr para a clareira. Ao passar por mim, outro galho estala sob o peso do seu pequeno corpo. Quando o esquilo desaparece na clareira, os bosques voltam a mergulhar num silêncio sepulcral.
Não era uma pessoa, afinal. Era só um animal selvagem. O som que me parecia passos era apenas o de patinhas apressadas.
Solto um suspiro. O perigo imediato passou, mas isto ainda não acabou. Longe disso. Não tenho tempo para fazer nenhuma pausa. Tenho de continuar a cavar.
Afinal, tenho de enterrar este corpo antes que o sol nasça.

 

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