QUALQUER PESSOA QUE AME A NATUREZA E GOSTE DE CAMINHAR VAI ADORAR ESTE LIVRO
A vida reside no lado selvagem. O mais vivo é o mais selvagem. O que ainda não se subjugou ao homem, a terra retempera-o. Aquele que avança em frente incessantemente, nunca descansando das tarefas, se desenvolve depressa e exige infinitamente à vida, irá sempre encontrar-se num novo país ou no meio selvagem, rodeado da matéria-prima da vida.
É como se se transpusesse os troncos das árvores derrubadas das florestas primitivas. Esperança e futuro não estão nos relvados ou nos campos cultivados, nem nas vilas ou cidades, mas nos pântanos impermeáveis e instáveis. É preciso caminhar e prestar atenção, não é preciso ir muito longe. Afinal, o essencial da condição humana reside na simplicidade e não no acumular persistente de coisas.
Andar a Pé é um dos mais belos textos de Thoreau. Expõe a sua filosofia de vida e estabelece a arte de caminhar como a forma mais intensa de despertar os sentidos e a alma humana. Um verdadeiro hino de amor à natureza profunda e original, um manifesto pela liberdade que foi escrito muito para lá do seu tempo.
«Quem diria que a liberdade é a realidade, e que as leis e os compromissos são a ficção? Quem diria, nesta vida de corrida e competição, que os nossos músculos em andamento desenvencilham as correntes onde cada um se deixou enrodilhar por não exercer o seu lado selvagem? Quem e por que razão se deixou apartar tanto da natureza ao ponto de já não se considerar um torrão dela?»
Raquel Ochoa, Tradução e Prefácio
O AUTOR
Henry David Thoreau (Concord, Massachusetts, 1817-1862) foi um ensaísta, poeta, conferencista e naturalista americano. Apaixonado pela natureza, ao longo da vida, dedicou longas horas por dia a observar e a refletir sobre a flora e a fauna da sua região.
Desejoso de se afastar da sociedade e mergulhar na natureza, construiu uma cabana, onde morou sozinho durante dois anos. A obra Walden, A Vida nos Bosques, publicada em 1854, narra a sua vida na floresta de Concord. Desobediência civil, um ensaio também destilado da sua experiência, surgiu em 1849, numa noite que passou na prisão em protesto contra uma guerra injusta e a escravatura.
Os seus livros, artigos, ensaios, periódicos e poesia estão reunidos em mais de vinte volumes. O seu estilo literário entrelaça observação atenta da natureza, experiência pessoal, retórica precisa, significados simbólicos e tradição histórica, enquanto exibe uma sensibilidade poética, austeridade filosófica e atenção aos pormenores práticos.
Estava profundamente interessado na ideia de sobrevivência, da mudança histórica e da decadência natural; ao mesmo tempo, defendia o abandono do desperdício e da ilusão, para descobrir as verdadeiras necessidades da vida.
O pensamento de Thoreau permeou a vida americana e espalhou-se pelo mundo. Influenciou alguns opositores pacíficos, como, por exemplo, Martin Luther King, Jr., Liev Tolstói e Mahatma Gandhi.
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