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Entrevista a Mário Caetano, Coach e autor do livro Reiventa a Tua Vida - Alma dos Livros

Entrevista a Mário Caetano, Coach e autor do livro Reiventa a Tua Vida

  1. No livro fala de Reinvenção. Mas o que é necessário reinventar?

Chegámos a um momento em que vemos cada vez mais pessoas infelizes e insatisfeitas com a vida que levam, e esta insatisfação é alimentada desde que somos crianças até à idade adulta. Acredito que é necessário reinventarmos os sistemas que nos influenciam: o sistema educativo, o sistema de saúde, o sistema bancário, o sistema económico, o sistema laboral. Os sistemas que atualmente utilizamos não suportam o ser humano para ser quem é e, por isso, precisam de ser reinventados. Mas tudo isto parte das escolhas que nós, enquanto seres humanos, tomámos ao longo do último século. Portanto, é imprescindível que paremos de uma vez por todas de apontar o dedo aos nossos governantes para nos envolvermos no processo de tomada de decisão de assumirmos a direção das nossas vidas. A grande reinvenção começa em nós.

  1. Como lidar com a frustração de não termos coragem para mudar?

A coragem para mudar depende sempre da perspetiva de cada caso. Se ganharmos bem financeiramente no nosso emprego e, ao mesmo tempo, sentirmos que estamos estagnados e não nos sentimos a crescer, provavelmente não vamos fazer nada para mudar porque a suposta qualidade de vida que alcançamos não é sequer equacionada. Mas, eventualmente, se um filho nosso tiver uma doença que só pode ser tratada por tempo indeterminado noutro país, então provavelmente tomamos a decisão de nos despedirmos para darmos todo o apoio e suporte à pessoa que tanto amamos. Nesse momento, predispomo-nos a conhecer novos locais e pessoas, fazer novos investimentos e trabalhar em novos locais. Com isto quero dizer que podemos alavancar as nossas decisões sem precisar que aconteça um evento externo que nos faça avançar. Precisamos de condicionar as duas forças condutoras do comportamento humano - dor e prazer -, colocando-as ao nosso serviço no processo de tomada de decisão. A falta de coragem para mudar é apenas uma desculpa que utilizamos para nos protegermos.

  1. Porque é que esta reinvenção no momento presente é ainda mais fundamental?

Na história da humanidade nunca foram consumidos tantos ansiolíticos, o que quer dizer que andamos a esconder-nos e escolhemos não olhar para a vida como ela é durante décadas. Chegámos a um ponto em que não conseguimos esconder mais aquilo que estamos a fazer. A vida está a fazer-nos um pedido muito claro: que nos reinventemos. Já.

  1. Que obstáculos temos de enfrentar para que esta reinvenção seja bem-sucedida?

O maior obstáculo à reinvenção reside ao nível do nosso mindset, que é suportado pelas nossas crenças e hábitos, e através da forma como direcionamos o nosso comportamento, ou seja, o nosso foco. Precisamos urgentemente de ganhar coragem e questionar as nossas verdades internas.

  1. Um dos fatores que impede o nosso crescimento e evolução é a tendência para nos vitimizarmos e para nos queixarmos. Como alterar este padrão, de forma a responsabilizarmo-nos pelo que nos acontece e sermos mais gratos?

O padrão de foco é uma das três grandes decisões inconscientes que moldam por completo a nossa vida. A origem do foco reside na qualidade da pergunta que nos fazemos milhares de vezes por dia sem pensar. Ao alterarmos a qualidade das perguntas que nos fazemos, tornando o processo consciente, alteramos o padrão de foco.

  1. Muitos perderam o contacto com a sua verdadeira essência. Em que ponto do percurso nos perdemos? Como nos perdemos de nós mesmos?

O rasgo da essência dá-se por norma até aos 10 anos através de um evento traumático, provocando em nós um sentimento de vergonha ou humilhação. Nesse momento, a energia vital com que nascemos dá lugar à energia distorcida e nasce a máscara, que passamos a utilizar. A máscara pode ter várias facetas, assumindo inconscientemente a figura do envergonhado, do tímido, do engraçado, do agressivo, do revolucionário, do manipulador, do simpático, do herói, do bonzinho, etc. Para nos aproximarmos da nossa essência precisamos de deixar cair as várias máscaras que utilizamos e resgatarmos a nossa autenticidade e espontaneidade.

  1. Refere a importância de celebrar as pequenas conquistas diárias. Estaremos mais concentrados em obter mais e mais, acabando por nos esquecermos de celebrar e valorizar as conquistas?

Devido à sociedade, a métrica de felicidade tornou-se mais naquilo que obtemos, do que aquilo em que nos tornamos. O que está globalmente a acontecer vai conduzir-nos à alteração do conceito de felicidade.

  1. Quais os fatores que bloqueiam e impedem a nossa felicidade?

São vários, mas destaco os três que refiro no livro: o discurso interno tóxico, o medo e a perda de propósito.

  1. “O meu dia é a minha vida em ponto pequeno.” O que gostaria de transmitir aos leitores com esta frase?

Que não existe nada mais importante na nossa vida do que o nosso dia. Qualquer grande transformação, resultado ou conquista que queiramos alcançar resulta da forma como as escolhas são feitas no nosso dia. Se quero ter um relacionamento assente no amor e na verdade, como trago amor e verdade para o meu dia? Se quero viver numa família bondosa e compreensiva, o que faço para ser bondoso e compreensivo no meu dia? Se quero sentir-me preenchido, feliz e realizado, o que faço no meu emprego que me traga preenchimento, felicidade e realização? A minha vida só muda se eu mudar o meu dia.

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