Thijs Launspach: 5 perguntas ao autor do livro Vive Sem Stress e o Resto que se F*da
Thijs Launspach é psicólogo, palestrante e autor bestseller. Além disso, tem o seu próprio podcast sobre saúde mental. Especializou-se em gestão de stress e burnout e é instrutor de mindfulness. Participa regularmente em debates na imprensa e tem uma coluna semanal no Algemeen Dagblad. Foi professor na Universidade de Amesterdão e leciona atualmente na The School of Life. A propósito do lançamento do seu livro em Portugal, enviámos-lhe 5 perguntas.
- É possível viver sem stress?
Não; e às vezes nós PRECISAMOS de «stressar» um pouco. Faz parte. Porém, o que devemos evitar é o stress crónico, aquele stress que não passa e que acaba por condicionar a nossa vida. Desde que saibamos recuperar adequadamente, sentir algum stress pontualmente não é problemático.
- Acredita que o paradigma do excesso de trabalho vai mudar com as próximas gerações?
Espero que sim. Mais: acho que precisamos. O trabalho está a ficar progressivamente mais complexo e exige cada vez mais de nós. Mas nós somos humanos, não robôs de produtividade. Temos sentimentos, e a vida não é apenas trabalho. O trabalho é uma pequena parte da nossa vida. Por isso, precisamos urgentemente de empregadores que nos tratem como seres humanos, não como máquinas. Precisamos de locais de trabalho que olhem os colaboradores como um todo.
- Na sua opinião, existe alguma correlação entre redes sociais e burnout?
Sim, sem dúvida. As redes sociais são construídas em torno da criação de expectativas. Parece que todos têm uma vida feliz, completa e perfeita. Isso não é verdade, mas é fácil cairmos na ilusão de estarmos constantemente a falhar (embora se possa ter uma ótima vida!), fazendo com que se ignorem os sinais do corpo para abrandarmos. Além disso, somos continuamente bombardeados com distrações e notificações, o que por si só já é bastante stressante.
- Não fazer nada assusta-nos?
Há algumas evidências de que sim. Tecnicamente, nunca estamos sem fazer nada. Quando estamos inativos, o nosso cérebro vai em muitas direções com situações que nos preocupam, podemos ser confrontados com coisas sombrias na nossa cabeça e isso pode ser aborrecido. Daí ser tão difícil meditar! Existem provas de que as pessoas preferem dar choques elétricos a si mesmas do que ficar sozinhas com os seus pensamentos, por exemplo. Mas, muitas vezes, isso é essencial.
- Como vê o movimento de desistência silenciosa ou quitting movement?
Apesar de estar um pouco cético quanto à dimensão deste movimento (tem havido muita atenção dos media, mas quantas pessoas estão a desistir, de facto, silenciosamente?), é animador ver as novas gerações mais preocupadas com as suas necessidades. Se, por um lado, acho muito saudável colocar limites entre o trabalho e a vida privada, por outro, desistir silenciosamente não me parece a solução ideal. Talvez existam empregos melhores à nossa espera!
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